quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Com poupança, Brasileiro financia 62% do valor do imóvel

do Universo Econômia

O percentual de financiamento dos imóveis vem crescendo nos últimos anos no país, atingindo no primeiro semestre de 2010 uma média de 61,9% do valor total da moradia, de acordo com os dados divulgados hoje pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que engloba todos os empréstimos feitos pelos bancos nesse período.

Em 2009, havia ficado em 61,1%, patamar acima do contabilizado um ano antes (58,6%). Os números registrados em 2004 (46,8%) e em 2005 (47,8%) mostram que os clientes dos bancos davam mais da metade do valor de entrada para financiar a casa própria.

De acordo com Luiz Antônio França, presidente da Abecip, o crescimento mostra "claramente uma antecipação de compras´´, devido, principalmente, às condições de crédito mais favoráveis ao tomador do empréstimo, com taxas de juros menores e o alongamento dos prazos de pagamento. Para o executivo, a tendência é que o percentual continue subindo e a experiência mundial mostra que 80% é um patamar considerado sustentável.

O dado divulgado pela Abecip (61,9%) se refere à fatia financiada pelo tomador do empréstimo, mas os bancos oferecem a possibilidade de um percentual ainda maior.

A Caixa Econômica Federal, líder de mercado com 67% dos empréstimos com recursos da poupança concedidos no primeiro semestre, financia até 90% do valor do imóvel com essa fonte. No Itaú Unibanco, maior banco privado do país e segundo nesse segmento, pode chegar a 80% do valor.

Outro motivo apontado por França para a diminuição do valor de entrada é a atuação maior dos bancos no mercado de imóveis usados. Segundo ele, as pessoas costumavam usar outras maneiras de se financiar nesse caso, citando as compras à vista ou com parcelamento feito diretamente com o vendedor. "O papel dos usados é fundamental´´, completa, citando os consumidores que saem de uma moradia para outra, seja por crescimento da família ou mobilidade. "Se há liquidez no imóvel usado, é mais fácil mudar, porque faz com que o mercado gire com mais fluidez."

Recorde

As operações de crédito imobiliário com recursos da poupança atingiram R$ 23,8 bilhões no primeiro semestre deste ano, registrando o melhor resultado para esse período da série histórica, iniciada em 1967, também de acordo com os dados divulgados hoje pela Abecip.

O valor superou em 77% o montante contabilizado no mesmo período de 2009. Em quantidade, foram 187,6 mil unidades financiadas, o que representa uma expansão de 51,5% no mesmo comparativo.

O presidente da entidade, Luiz Antônio França, já havia previsto que, em 2014, o financiamento imobiliário deve ter atingido 11% do PIB no Brasil. A projeção está em linha com a estimativa de Jorge Hereda, vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal, que projeta 10% no ano seguinte. Atualmente, a proporção é de apenas 3%.

Fontes alternativas

Os sucessivos recordes estão levando a Caixa a começar a procurar fontes alternativas de financiamento, além dos recursos do FGTS e da poupança. Nos sete primeiros meses do ano, os empréstimos do banco federal chegaram a R$ 40,1 bilhões, mais do dobro (104%) do resultado obtido no mesmo período do ano passado.

Por lei, os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos em poupança para o crédito habitacional, mas há o temor de que o crescimento da caderneta não acompanhe o dos empréstimos realizados.

Cerca de R$ 20 bilhões -de uma carteira de crédito imobiliário de R$ 82 bilhões já estariam prontos para uma securitização, mas o valor da primeira emissão, que será feita até dezembro, ainda não foi definido pela Caixa.

A securitização consiste na transformação de uma dívida em um papel para investimento no mercado de capitais.

O investidor é remunerado com uma taxa de retorno que varia de acordo com as características do financiamento, descontados os custos e o ganho do banco. A instituição financeira, por sua vez, recicla o dinheiro sem ter de esperar até o último pagamento do tomador do empréstimo. O risco de inadimplência, normalmente, fica com o investidor.

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Oleh

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